sábado, 29 de janeiro de 2011

Lucidez

Comptine d'une Autre Été - Yann Tiersen

Eu não sei o que pensar. Eu já desacreditei uma vez no amor, mais fora superficial demais para merecer qualquer atenção. A minha própria revelação se confunde com outras, e me faz diferente. Olhar para o céu não me traz mais a sensação de amplitude, mas de incompreensão. O que sei não basta, o que posso não sou e o que tenho não uso.

É como se eu estivesse escrevendo a letra de índios, da Legião Urbana agora mesmo. Como se todas aquelas possibilidades houvessem sido ditas por mim. Quem me dera ao menos uma vez...

A sensação de impossibilidade, de ter sido enganado, de viver com isso nos meus olhos e nem sequer me permitir a dúvida. Não, não foi por preconceito, nunca quis nem acreditei em tapar o Sol com a peneira. Mas não me perdoou por não ter me dado o benefício da dúvida. Simplesmente ouvi a verdade ser dita, e defendi a mentira, com unhas e dentes.

Ser adulto deve mesmo ser uma bosta. Quando tanto esperamos por essa idade, não fazemos a menor idéia de como deve ser. Insisti em ver só a liberdade, a independência e novamente não fiz idéia do que seria tudo isso. A hipocrisia se torna tão consentida, e tão comum, inclusive entre os que amo, que você me vejo sufocado pela incapacidade de agir. É como se me xingassem e eu fosse invisível, ouvindo tudo mais sendo inútil a fazer alguma coisa.

Nenhum fim me basta, nenhum desabafo resolve. As lágrimas que insisto em forçar se recusam a descer e adiam mais um tanto minha incompreensível lamentação. Ouço músicas memoráveis, me torturo em busca de todo o sentimento que me possa fazer expurgar a ausência de sanidade de minha alma em transição. Não consigo, não consigo, não consigo. Preciso de um banho de mar, de uma chuva ácida, de uma ventania cortante. Preciso que me sussurrem ao pé do ouvido como agir num mundo cruel, danoso, e impiedoso em que fui jogado. Ao menos me permita chorar, e lavar alguma parte de mim que ainda está (co)rompida por fantasmas do passado ou vislumbres do futuro. Eu quero chorar...


Texto escrito em: 05/01/2011 23:44

domingo, 23 de janeiro de 2011

Ne Me Quitte Pas

Ne Me Quitte Pas - Maysa Matarazzo

Poderia colocar somente a letra de uma música aqui. Uma música que retrata muitas situações e absolutamente nenhuma por completa. Uma música que resume muitas vezes e nenhuma também.
Não me vêm como fazê-lo, fantasmas me assombram por tempo indeterminado, outros se transformam, desencarnam em plena vista pra começar a me assombrar.
Nunca fui, não posso dizer que ja tenha sido. Eu sou o da convivência provavelmente, e não o de 'cara'.
O fato é que preciso falar, e o fato de ter esse blog nesse estado de conhecimento exacerbadamente geral, me incomoda, muito. Quero me exprimir mas me falta a intimidade.
Só peço que não me deixe só, você, em algum lugar do planeta que planeja por algumplano divino aparecer, não desista, eu espero paciente e anciosamente por você.