quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Me Devolva-ME.

Adriana Calcanhoto - Devolva-me


Tomei a posição. Apesar da dúvida entre o altruísmo e o egoísmo, pela primeira vez visivelmente escolhi a segunda. Diante da tua indiferença torpe em relação ao mundo e a mim, eu escolhi a mim. Decidi abdicar de certas vontades, lutar contra certos princípios e mudar certas ações. No jogo de hipocrisia e poder que você joga com a vida, decidi ser a partir de então a carta fora do baralho. Decidi assumir posição de curinga andarilho. Sim, no começo foi ótimo, foi mais fácil. Era uma resignação em paz, um isolamento saudável, e desde então assim tem sido. Você não sente minha falta, e como eu recentemente deduzi "teus atos contorcem tuas palavras". Sim, que descobri. Depois de um tempo que desejamos que fosse eterno, cada vez mais, se torna penoso aturar. O exemplo que outrora eu idolatrava agora se transforma em alguém que jamais ousaria me aproximar. A sensibilidade, o carinho e todo o cuidado escaparam de ti como criança de vacina. Rápido, sagaz e infeliz...ou não, talvez as lentes sujas que você insistiu, perdão, que eu insisti em usar tivessem me privado de ver essa vagarosa decadência.
Sim, cansado do vitimismo, da infantilidade e da teimosia e me afasto. Me afasto pra tentar viver em paz. Nunca desejei...não, outrora desejei, mas não mais desejo nem desejarei mal algum pra tua vida, jamais. Tenho certeza que tuas imperfeições serão corrigidas por erros de uma vida desregrada que você insistirá em seguir. Não, não é profecia, é presente.
Não me procure mais, sei que logo agora pode parecer ironia, e espero que realmente agora não aconteça.
Me sentir parte nova e minha é satisfatório. Realmente me faz bem ver toda a minha capacidade em mim mesmo. Tenho renovado minha auto-estima, elevado meu ego, e até possibilitado meu erro, desconsiderado minha educação por deveras politizada, e me permitido um bom "vai tomar no cú", pra quem sempre mereceu, mas eu nunca tivera coragem de pronunciar. Quando chego em casa dou-me conta do quão pouco na minha vida realmente representa esse afastamento, e como minha consideração de isso ser só um pedaço, muito pequeno e muito insignificante de mim eu estava correto.
Ser sozinho pra mim sempre foi como um fato. Se não ontem, ou hoje, seria-o amanhã. Minha vida me fez assim, e lidar com isso agora, me parece ser realmente interessante pra uma nova perspectiva e elucidação de meu próprio futuro. Penso mais, falo menos, ouço menos. Mas tenho andado com meus próprios pés, levado meus próprios tapas, formado meus próprios calos, escolhido meus próprios caminhos, e pela primeira vez em alguns meses, respirado meu próprio ar. Cansado de viver numa sombra inconsistente e maldosa, me viro pro Sol e me permito queimar um pouco a pele branca e doente de tanto ócio.

"E depois de uma tarde de quem sou eu
E de acordar a uma hora da madrugada em desespero...
Eis que as três horas da madrugada eu me acordei
E me encontrei
Simplesmente isso:
Eu me encontrei calma, alegre
Plenitude sem fulminação
Simplesmente isso
Eu sou eu
E você é você
É lindo, é vasto
Vai durar
Eu sei mais ou menos
O que vou fazer em seguida
Mas por enquanto
Olha pra mim e me ama
Não
Tu olhas pra ti e te amas
É o que está certo."
Clarice Lispector
"Assim, será melhor."

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Perdão.


Me sinto mal. Um covarde. Logo eu que sempre fora tão critico com relação às ações e atitudes dos outros me vejo nesse momento de tanto primitivismo. Ódio, rancor, raiva, angústia...sim...não teria outro nome pra desejar a indiferença à quem dias atrás tinha todo o meu amor.
Foram os meses mais difíceis que tive esses...desde o começo do ano...talvez desde o ano passado. Sempre vivo com intensidade e acho que não provarei do mesmo sabor duas vezes...me engano de novo. Sou exposto como carne podre às moscas, à mais aprendizados, mais tapas na cara, e mais possibilidades de amadurescimento. Não tem outra forma de ver isso...sim, sou pessimista na vivência do sentimento, mas não na causa dele. Sei que tudo tem um motivo.
Eu levei muita porrada, sofri demais, e agora me sinto mal por fazer do jeito que faço. Não faz sentido me sentir melhor, me sentir mais leve, e mais independente se para isso tenho que desejar o mal dos outros, se pra isso tenho que não desejar o bem. Como um leva o outro nessa estrada, minha lista de gente à desgostar cresce e cresce numa velocidade arrazadora, demonstrando, por ironia, que na verdade ainda sou muito imaturo por levar uns pelos outros. Sinto por sê-lo, e desejo imediata reparação nesse sentimento. Sim, é melhor que a obsessão, ou a posessão, ou o cíume e sangue pelas quais já sa sofri...mas não faz bem, não é certo.
Acredite...acredito, que seja qual for o meu sofrimento, não desejo o mal das pesssoas. Não tenho o direito, nem o poder, nem muito menos o prazer de fazê-lo...isso não me faz melhor, nem melhora a situação, ou ameniza meu ódio. Pelo contrário diametral, me faz sentir mal, piora a situação e acumula mais e mais ódio, como num buraco cada vez mais cavado, ao invés de jogar terra em cima do ódio, terra boa, fértil e de resignação, eu cada vez mais ouso tirá-la, tirá-la e trazer à tona o buraco de ódio e mais ódio.
Não são, não foram e muito menos serão dias fáceis...cada vez mais e mais...a convivência trás prós e contras...ônus e bônus, sempre o faz...e só quero amadurescer, se for pra ser natural, leve e saudável. Não quero nem um pouco de rancor, pelos anos de minha vida que virão, ou então arrependimento por ações que tomei contra as pessoas. Isso jamais! Se for pra me arrepender, seja da prudência, se for pra sofrer seja por crescer e se for pra chorar, que seja de felicidade. Não vou mais correr atrás de ninguém, nem medir esforços pra me manter estático...exatamente...paradinho onde estou. Se eu fizer falta, ótimo, me faça crer que faço mesmo falta, se eu não fizer...bom, no mais, será tudo como já vivi, já senti e já sofri.
Matriculado à tempos na escola do sofrimento sentimental, das dificuldades com relações e aluno nota A em tristeza, depressão e pessimismo, estou mais do que pronto, pra toda a indiferença que vier.
Porque meu perdão, não é para você, ou nenhuma das facetas, que você fez questão de mostrar que eram muitas e fragmentadas...mas para Deus, por ter me propiciado tanto aprendizado e eu ter desdenhado tanto, com ódio no meu coração.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

O Último Dia De Minha Vida...

é como um pressentimento. recordações demais, nostalgia demais. certeza de algumas coisas e como q ruptura com outras, aquelas ervas daninhas que deveriam ter sido cortadas.
no meio de tudo um silêncio sepulcral. a preparação para a lápide. que fique claro que desejo ser cremado, mas antes disso, desejo que doem todos os meus órgãos em útil estado, inclusive a pele, para só então findar com minha existência corporal em cinzas etéreas. não tenho ilusão de jogar cinzas de cima de montanha nenhuma, porque sei, pela minha verdade, que quando meu corpo morrer, eu vazo da Terra na mesma hora.
beijos a todos os amigos, família, e até os inimigos. não guardo mágoa de ninguém, não rancor. se eu for mesmo, vou sem me arrepender de quase nada do que fiz, e muito do que eu deixei de fazer, mesmo. só sinto por não ter conhecido mais, visto mais, experimentado mais, ido mais até o fim, mais, mais mais, mais, mais....sinto pelo mais que não terei.

"no mais, estou indo embora baby..."

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Sou minha e não de quem me quer.

1º de Julho - Cássia Eller

É engraçado...
Tudo realmente tem um porquê.
Depois de uma longa estrada, ao se olhar pra trás se sentir tolo. Mas se sentir tolo é por um único motivo. Se sentir tolo é po uma única razão. Amadurecimento. é olhar pra trás, e penar que teria agido diferente, porque agora vê, porque agora sabe, porque agora sente.
Estou em paz hoje...
Não com ninguém, não sem brigas, não sem discussões...mas comigo mesmo.
Vi que dentro de todo aquele frasco, afinal havia muito mais mistério do que conteúdo. Sinto sim, um pouco de raiva, uma doce raiva escapa por entre essas palavras como a última tragada saindo da minha boca sorrateira. Mas ainda assim, é verdadeira.
É como idealizar um artista e ao conhecê-lo se decepcionar um bocado. Mas no meu caso foi tanta idealização, e tanto sofrimento...que no lugar de decepção, trago liberdade.
Muito tempo...é isso que eu precisava.
Sim, muito tempo.
Ainda tenho dentro de mim todo o afeto, ou ao menos parte dele, e trago comigo minha dose de mim mesmo. Os momentos vem e vão, com sutileza, com suavidade...mas vem.
Pode não ser o último texto...como sempre...mas preciso escrever. Porque sou sentimento, e sem desabafo sou doença terminal.
Foi um amor, passou a uma obsessão, à uma necessidade...depois uma ruptura, uma estranheza recente, e agora a paz. Terei algumas crises esporádicas...terei.
Mas sou mais do que nunca mais eu...chavão do qual poucas vezes pude usufruir e então pra mim é frase de efeito, dando um novo sentindo à tua gramática cansada.
Minha língua saboreia o gosto , aquele gosto que almejei...
Não é mais o cigarro amargo, nem a bebida azeda que você quis me dar...
A última tragada saindo dessa boca, que nunca mais do seu vício provará.

No mais a música diz por si só. Ouça novamente.

Só.