quinta-feira, 26 de maio de 2011

Grace

Kate Havnevik - Grace

Não é como se eu não soubesse, como se ignorasse tudo que ainda tenho que viver...É só que quando você vê as coisas de uma forma mais crua, e bruta, e real, e triste é como se aquilo tudo passasse a existir. É como se tivesse ficado inativado em alguma parte de sua consciência e (graças a Deus), só ativasse quando você tocasse no assunto.
Não temo em morrer. Nem um pouco. Tenho certeza de que quando tiver que ser será, e que sempre tem um motivo. Mas eu não suporto a ideia de morrer logo. Eu sinto que tenho tanto a fazer. Tenho tantos sonhos a realizar, tantas verdades a consolidar e outras à derrubar, tenho tantos tapas na cara a levar, tanta risada tanto choro pra distribuir, tanto, e tanto...eu simplesmente não quero ser barrado tão cedo.
Meu luto é por pessoas que foram penalizadas por querer ser feliz. Por tentarem viver.
Eu realmente espero que minha parte, por menor que seja no mundo, possa influenciar, ajudar e ensinar muitas gente sobre alguns dos valores dos quias prezo. Que eu tenha a profundidade e a sensibilidade necessária pra tocar e ver o maior número de pessoas possível, e que Deus me permita alcançá-las e compreendê-las da melhor forma possível, da mesma forma com a qual eu gostaria de tal recíproca.
Espero que um dia, os valores éticos, sociais e os pilares do amor ao próximo possam gerir essa sociedade tão absurdamente afogada em sua própria ignorância. Que com pessoas melhores, e ideias mais profusas, civilizações inteiras possam se mover em torno do próximo, seja esse quem for.

domingo, 22 de maio de 2011

...

No meio do deserto eu paro num posto. Olho pra trás na direção que vim, e tento me esquecer de tudo aquilo por que fujo. Entra numa loja de conveniência, que entregue as moscas tocava o equivalente à um blues antigo mas no Brasil. Sento-me em um dos bancos ilusoriamente estofados de couro avermelhado, perpendiculares ao eixo frontal da loja e peço um café. Sem demora o preto vem, e eu deixo de vagar meu olhar na etsrada perturbadora. Minhas concepções estavam em choque e meus todos os meus paradigmas combinaram de brigar de uma só vez. A crise tinha cehgado à proporções deturpantes, e eu fugia, de tudo o que me lembrasse essa letargia incógnita de minha existência.
A estrada sempre me trouxe serenidade, minha mudança municipal já havia revelado isso, e agora me assolava essa verdade. Acho que na incerteza, na inconstância e ao mesmo tempo na fluidez de uma estrada eu encontrava meu lar. Meu problema afinal.
Os fantasmas dos paradigmas insistiam na excelência de praticar o perfeccionismo, enquanto por mais que eu quisesse não ser hipócrita, queria mais ainda fugir de mim mesmo, e deixar acontecer tudo o que minha mente pensasse. Queria ter esperanças de não ser hipócrita por naturalidade, e não precisar de intervenção psicológica pressionadora cultural pra me tocar disto.
Era tudo um grande redemoinho. O ciclismo das crises e emoções era uma razão constante. Viver era afinal tudo isto. Considerar as brigas, as futilidades que me incomodavam, as infantilidades que me irritavam, meu moralismo falido, e minha falsa humildade que se inclinava entre o ser ou não. Não estava infeliz, não, não o estivera pela primeira vez em um longo tempo. Mas depois desse longo tempo, iludira-me com a falsa pretensão de não sofrer das mazelas da cabeça. Elas te encontram afinal, no corpo que esteja. E aquele simples café acabara e a vontade de acender um cigarro crescia.
Saí da loja e acendi-o. No silêncio do Sol que se punha dei tragos de horas em minutos, absrovi todo o conhecimento do fruto que agora era digerido pelo meu corpo e sua sabedoria me consumia, juntamente com a dança da fumaça e a leveza das cinzas. Era hora de pegar a estrada novamente, depois de tanto rodar e pensar, era hora de volta pra lá, e encarar. Era hora de voltar a encarar e viver. Mais dificilmente, mais arduamente, mais complicadamente, mais perigosamente (porque não?) e principalmente mais intensamente do que nunca. Pego o celular:

- Alô - disse a voz

- Ja tô voltando, prepara tudo...