quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Hora de andar...

A gente sempre pensa em ir, mas nunca pensa nessas coisas. No adeus. Os amigos dizem que não é um adeus, é um até logo. E agora que ele aparece, parece o tormento da mudança voltando. Parece que o velho torpor volta a atacar e assediar mentes fracas. Sei que não será como antes...não...não será.
Agora EU quero mudar, vou estudar numa universidade o que EU quero, numa cidade MUITO legal.
Esse pode ser um fim, de parte da minha jornada. Mas meus próprios passos só estão começando a serem escritos, de agora em diante, quem faz meu futuro sou eu, pro bem ou pro mal, pra ascensão ou fracasso, pra levantar todas as manhãs, ou desistir a cada pedra no caminho.
Sei do silêncio que há em mim, que amizades duradouras, prevalecem pela distância, sei pois vivi isso, e viverei por muito tempo com as pessoas certas, com as amizades certas. Não temo quanto aos amigos, não tanto como temi outrora...
A falta de convivência, será sim sofrida, tanto dos que conheço há exatos dois anos de estadia, como a de coadjuvantes que apareceram há meses e fizeram acampamento no meu peito. As risadas, o jeito, o humor e todos os hábitos em conjunto.
Sei que devo muito à essa cidade a que vim forçado e saio de cabeça erguida. Me decepcionei, sofri, chorei muito, levei tapas (um em especial, literal), e sangrei...mas em troca, também amadureci, cresci, em tamanho e em maturidade, envelheci, fiz amigos, sorri muito, dancei, gargalhei muito, e fui muito feliz. Vim, vi e venci, afinal.
Agradeço muito a todos os meus amigos atuais, colegas que se perderam no meio do caminho, inimigos também e familiares, que me ajudaram durante toda essa mudança, que sustentaram uma forte barra por mim e comigo todo esse tempo, e que tornaram de mim o que sou nesse texto.
Espero que todo o aprendizado seja útil na próxima, e que eu possa me lembrar do que aprendi com cada espírito de luz que cruzou meu caminho nessa cidade maravilhosa.
Desculpem-me por minhas falhas, meus erros e minha porventura injustiça com algum de vocês, sou muito grato a todos, independente do momento ou local que nos conhecemos e vim a decepcioná-lo, quero que saiba que sinto muito, e que agradeço por sua presença em minha vida.
Sem mais, espero que a nova cidade seja realmente a última escala para a GRANDE São Paulo dos meus sonhos mais profundos, e que nessa estadia um pouco maior que Rio Preto, mas igualmente intensa (ou mais) eu possa ser muito feliz, acima de qualquer desejo.
Agora começo, com toda a felicidade do mundo, a viver arte, sem mais. Obrigado Deus.
Obrigado a todos vocês, por tudo.

O Curinga já descansou e se apegou demais, é hora de voltar a caminhar e fazer jus ao sobrenome:
Andarilho.



P.S: 101º Texto (\o/)

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Essencial


Carmella – Beth Orton

Eu saía do metrô. Essa música me ocorreu, e por algum motivo eu quis acreditar que o modo aleatório do Bill, tinha um quê transcendental de vez em quando. Parei pra esperar uma grande amiga chegar, e passei os lhos, rápidos, invisíveis, e impensáveis por todos. Todos mesmo. Todos à minha volta eram ligeira e educadamente revistados por olhos sagazes que esquadrinhavam o ambiente. Vislumbrava em cada um daqueles seres humanos o toque de vida que cada um dispunha. A vida inteira pela frente, as histórias pessoas de cada um, as particularidades de cada ser humano. A vida de repente mostrou que havia algum sentido em toda a correria, em toda a multiplicidade, em toda a diferença de cada um, enfim pareceu que algo faz sentido na correria, na variedade, na vida mesmo. Veio-me a mente que cada um daqueles pequenos e ínfimos seres humanos tinha seu papel, seja numa sociedade variada de uma cidade, de um país, de nosso planeta ou quisá no universo. Pareceu idiota, e pobre da minha parte a partir daquele momento ignorar a variedade e divina importância de cada um no meu cotidiano. Pareceu heresia desvalorizar o trabalho de qualquer ser vivo nessa rede conectada e gigante que une a todos nós. Tudo fez sentido afinal, foi uma revelação. De algo que havia de se mostrar pra todos, pra termos ideia constante e irrestrita do quanto somos um só coração, uma só célula. Depois que a amiga querida chegou, parei pedi que fechasse os olhos, lhe coloquei os fones, e ela fez o que pedi, abriu os olhos e olhou rápida e educadamente pra todos a sua volta. Éramos dois em meio há algumas centenas que passaram por ali, correndo, rugindo, e bravejando por um lugar ao Sol, nós parados, olhando-os sem ao menos eles perceberem, eles corriam afobados com sua pressa sem fim, e nós dois, tendo uma baita revelação. Mal sabíamos nós que o dia que seguiria seria cheio de revelações quanto a necessidade de cada ponto no crochê da vida.

Aeroporto de Curitiba, Paraná. 11:17 – 19 de julho de 2011

A sensação volta. A certeza de que não é nada passageiro. A certeza de que uma noção, uma lição de humildade foi aprendida, e que certamente deve ser aplicado com vontade. Desde a moça que passa o pano no chão à minha frente até o piloto consagrado que fala no telefone ao meu lado e carrega seus objetos caros e desnecessários. Todos têm de fato seu papel nesse aeroporto, em suas casas, em seu país, e nesse universo pequeno. Todos somos formigas sim, mas iguais em importância, ainda que pareça mentira, somos todos iguais em importância, e bens materiais continuam não dizendo nada sobre essa importância. Os papéis que executamos são essenciais a alguma parte em algum momento, mas tranqüilizem-se, certamente somos especiais e necessários. Todos nós. Mesmo.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Incompreensível como Clarice

Enquanto o líquido descia ainda amargo e morno por minha garganta eu fitava as pessoas. Numa incompreensão inatingível. O modo como falavam, bebiam, por vezes comiam, se portavam em bando. Não entendia. Olhava o carpete já surrado, a disputa intraespecífica por sentar em uma daquelas poltronas, e se jogar numa comodidade importada. Eu era um deles afinal, estava ali no meio, bebendo, disputando, vivendo. Tentei sair de casa e encontrar nos trilhos, na fumaça, no rosto desconhecido, no café forçado, a resolução pra algo, o ouvido pra algo, a saída dessa torpe situação em que me encontrei.

Tento falar e a garganta fecha, é uma imcompreensão das quatro paredes. Clarice me diz algumas sábias palavras, que por mais que me toquem, e me distraiam, como era o objetivo inicial, não me tiram da solidão.
Recorri a todos os meus amigos, nenhum deles me atendeu, me guardei pra mim, endurecido afinal. Amadurecido? Duvido. Só endurecido por estar noutra realidade.
Acabo de perceber que perdi todo o deslumbramento, todo o maravilhamento que tinha com as coisas...a vida mesmo na cidade mais querida fica cinza. O que é esse mal que insiste em nublar minha vista? Será que não sou artista e não tenho o maravilhamento com tudo, sempre, como deveria ter? Será que não sou diferente? Será que a vida é isso mesmo, daqui pra frente, sem mais graça, sem mais divertimento e surpresas no caminho pro infinito? Será que ISSO é virar adulto...?
Esse olhar das pessoas, essas verdades pressupostas, detesto isso...tudo isso. Detesto ter de fingir algo que não sou, quando tenho que...
Detesto ter que viver dias assim...
A tal mulher se contentava só com o viver, só com seu estar vivendo. Em seu mundo da janela, mesmo perdendo o marido, se achou dentro de si mesma. Depois que viu que era pouco, morreu de uma morte bonita, pra dentro de si, e continuou só o corpo, a vagar, a falar, a comer e defecar. E a mim? O que me resta como viver? Temo que não tenha essa beleza, ainda que com prazo de validade, de ser feliz só por viver, ainda mais quando esse viver cinza e ácido insiste em assolar dias que TINHAM, tinham mesmo que ser muito coloridos.
Não sei o que tá acontecendo...
Quero uma privacidade de não saber quem sou, e agir como for...sem esses olhos variados e famintos sob minhas costas me privando de sentir o que sinto, de viver o que devo e de fazer o que quero.
Bah...chega vai.

domingo, 26 de junho de 2011

Eu to voltando pra casa...


Está chegando. Aquele pulsar vibrante. As veias se dilatam, o sangue corre violentamente sem se chocar com nada. O limite.
A felicidade do aconchego, da cidade perfeita e tua, das pessoas que você gosta, da liberdade no ar que vcê tanto almeja.
Ver os pilares, ver colegas, ver família...Ver gente como você. Gente que consegue te pegar no colo. Ver gente diferente, gente artística....ARTE! VER ARTE! Que saudade da arte!!
Ver tudo que pode ser visto, aproveitar tudo nos seus limites, de toda a glória e felicidade possíveis.
Estar em São Paulo sempre é o limite de todo o tempo, o aproveitamente de toda a hora, e a sensação de todo o mundo perto, muito perto do seu coração.
É ver em vãos janelas pro mundo, é ver em túneis canais pro infinito, é ver em grafites verdadeiras obras de arte, é ver em concreto puro sua verdadeira casa.
Eu amo você, e amo tudo o que você è pra mim. Amo o que ainda vou viver com você e o quanto me entende mas do que qualquer outra.
No limite da Glória eu vou, buscando aproveitar o máximo tudo que o melhor de mim pode oferecer, tudo que meu berço pode oferecer, tudo que minha maravilhosa São Paulo pode oferecer sempre, à um bom filho que saudosamente a casa visita.

The Edge Of  Glory...Trully!

terça-feira, 14 de junho de 2011

O papel principal nas veias - sem ponto, com reticências...sempre


Além de qualquer expectativa. O início o fim e o meio. O resumo completo. A complexidade simplificada. A razão encontrada. O tudo. A magnificência. A revelação total. A necessidade espiritual. O descanso mental. O tempo corre devegar, por incrível que pareça, corre devagar. Os olhos piscam com lentidão, tudo fica em câmera lenta. Menos o falar, continua latente. A palavra penetra. Nos confins do subconsciente, no âmago, na boca do estômago, reverbera pelo corpo causando nostalgia antes mesmo de terminar a última sílaba. O jeito único. O toque incomum. A observação boba. O aprendizado prazeroso. O enigma excitante. A admiração profunda. O conhecimento desconhecido. O incontrolável pleno. A felicidade do pensar. A ausência do saber. A completude por conhecer. O ato natural. A fumaça guiada. O gosto mutável, mutante, mundano, único. A incerteza no futuro. A sapiência do sentimento. A divinização do ser. O egoísmo do pulsar. O papel principal nas veias. O sofrimento pelo incerto. O gosto viciante. A espera demorada. A calma no olhar. A certeza no falar. A sabedoria no pensar. A profundidade no sentir. O pleonasmo como ídolo.


Muito mais do que anos podem me permitir ver.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

The Way You Look Tonight


O jeito que você caminha. E se move esguiamente. Como faz parecer culto um reles olhar. Como assume a modernidade em meio a toda sua tradicionalidade. O modo com teu cabelo penteado fica alinhado. Teus olhos distantes e preenchedores de espaço. Tua boa e mansa conversa. Tua boca rápida e teus dentes perfeitos a mim. Teu sorriso...ah, teu sorriso.

Olho pra janela quando você, no silêncio das estrelas, traga teu cigarro solitário. Sentado na sacada, com os pés apoiador num pequeno banco, medita. Como se fora a última pessoa do mundo, e sem pressa diante da aparente noite sem fim que se abre. Vagando o horizonte infinito e à procura de respostas ao 'sabê-sê-ô-quê'. Quando percebe minha presença se vira suavemente, como uma onça ao olharum pássaro, quase com desprezo no olhar, mas mata-me ao abrir o bendito sorriso, e quebra todo o 'quase'. Antes que diga algo, peço que cale-se e fique exatamente onde está, continue a fitar o horizonte, que continue sua procura inatingível, e na sua calma indefinível.

- "Quero apenas te olhar"

Insisto em guardar em minha mente a imagem perfeita de ti, sonhando em meio à prédios e buzinas, fazendo o mundo parecer pequeno, a noite infinita e tudo um intrínseco silêncio. A imagem do poder, de um deus que analisa tua ciação com pesar de talvez vê-la estirpar-se. Guradar tua serenidade íntima, e teu momento solitário sem interferí-lo com o pecado de uma palavra, ou a blasfêmia de minha presença. Fotografar em minha mente e coração o retrato que jamais quero esquecer do que tu és. Me recordar indefinivelmente daquela pose, daquele cabelo, daquele sorriso, daquela paz...na calada da noite


A imagem que quero guardar de ti, pode não ser o que és. Mas é a imagem que eu tenho de ti. A imagem de quem amo.


E, Oh! Quando percebera, logo estava acordado, se atrasando pra mais um dia sozinho.
Sem imagens para guardar na mente ou no coração, afinal.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Perto do limite

Adele - Someone Like You

Quando tudo parecer perdido, nem que seja somenta por alguns segundos. Nem que seja perdido em meio à tolices, à influências, à preocupações advindas do seu excesso de compaixão com quem (não) mereça.

Quando eu olhar pros lados e não puder realmente me apoiar em alguém. Quando eu não tiver certezas quanto a amigos. Quando eu tiver quisto tantos e tenha os tido tão superficialmente que me apoie em bancos de areia instáveis ao invés do que esperava.

Quando as pessoas a minha volta me estranharem e eu por algum motivo achar aquilo tão normal, que só então me dou conta de como posso estar sendo agnóstico em relação à tão tudo.

Quando não souber o que fazer com as pessoas, e ela simplesmente emudecerem, tornando o silêncio fatal à uma relação estranha e à um afastamento certeiro.

Quando eu estiver perto de algum limite.


O que eu faço?

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Como estamos...

De repente tudo passou a fazer mais sentido sabe. Desde àquela falsa pretensão de liberdade, até o que você realmente é frente ao que você quer ser.
No fim, os sonhos na realidade são sempre menos lustrosos e brilhantes do que em minha cabeça. E por outro lado, bom esse, eu vejo que tudo que admiro tem a capacidade de ser algo meu.
De repente, pode se tornar possível ser original, ser agradável, ser reservado/extrovertido, ser moderno, e quem diria, quem realmente diria bonito.
De repente todos os sonhos de um dia ser normal e aceito caem por terra, e dão dimensão nova e extraordinário à minha autoaceitação e real felicidade por ser quem eu sou, e quem novamente diria, estar onde estou.
Aceitar minha subjetividade por completo, abraçá-la junto ao peito e sentí-la fundindo-se comigo. Perder a noção de certo e errado frente a um real e velho mundo que se mostra só agora pra mim. Isso tudo é minha nova vida, é ser feliz à minha maneira, pensando mais em como agir, em como pensar e em como sentir...mas sempre na minha intensidade máxima.
Mudando só para melhor e aperfeiçoando o que já achava bom, eu estou bem.
Estou realmente bem.
Sei que tudo o que se passa, passará. E que se no meio de tudo isso afirmo estar feliz, é porque tenho consciência de minha condição como artista no mundo. E de alguma forma mutualisticamente lido com ela. Como uma troca vital entre minha essência humana, minha alma e o mundo.
As coisas realmente são e estão onde deveriam.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Grace

Kate Havnevik - Grace

Não é como se eu não soubesse, como se ignorasse tudo que ainda tenho que viver...É só que quando você vê as coisas de uma forma mais crua, e bruta, e real, e triste é como se aquilo tudo passasse a existir. É como se tivesse ficado inativado em alguma parte de sua consciência e (graças a Deus), só ativasse quando você tocasse no assunto.
Não temo em morrer. Nem um pouco. Tenho certeza de que quando tiver que ser será, e que sempre tem um motivo. Mas eu não suporto a ideia de morrer logo. Eu sinto que tenho tanto a fazer. Tenho tantos sonhos a realizar, tantas verdades a consolidar e outras à derrubar, tenho tantos tapas na cara a levar, tanta risada tanto choro pra distribuir, tanto, e tanto...eu simplesmente não quero ser barrado tão cedo.
Meu luto é por pessoas que foram penalizadas por querer ser feliz. Por tentarem viver.
Eu realmente espero que minha parte, por menor que seja no mundo, possa influenciar, ajudar e ensinar muitas gente sobre alguns dos valores dos quias prezo. Que eu tenha a profundidade e a sensibilidade necessária pra tocar e ver o maior número de pessoas possível, e que Deus me permita alcançá-las e compreendê-las da melhor forma possível, da mesma forma com a qual eu gostaria de tal recíproca.
Espero que um dia, os valores éticos, sociais e os pilares do amor ao próximo possam gerir essa sociedade tão absurdamente afogada em sua própria ignorância. Que com pessoas melhores, e ideias mais profusas, civilizações inteiras possam se mover em torno do próximo, seja esse quem for.

domingo, 22 de maio de 2011

...

No meio do deserto eu paro num posto. Olho pra trás na direção que vim, e tento me esquecer de tudo aquilo por que fujo. Entra numa loja de conveniência, que entregue as moscas tocava o equivalente à um blues antigo mas no Brasil. Sento-me em um dos bancos ilusoriamente estofados de couro avermelhado, perpendiculares ao eixo frontal da loja e peço um café. Sem demora o preto vem, e eu deixo de vagar meu olhar na etsrada perturbadora. Minhas concepções estavam em choque e meus todos os meus paradigmas combinaram de brigar de uma só vez. A crise tinha cehgado à proporções deturpantes, e eu fugia, de tudo o que me lembrasse essa letargia incógnita de minha existência.
A estrada sempre me trouxe serenidade, minha mudança municipal já havia revelado isso, e agora me assolava essa verdade. Acho que na incerteza, na inconstância e ao mesmo tempo na fluidez de uma estrada eu encontrava meu lar. Meu problema afinal.
Os fantasmas dos paradigmas insistiam na excelência de praticar o perfeccionismo, enquanto por mais que eu quisesse não ser hipócrita, queria mais ainda fugir de mim mesmo, e deixar acontecer tudo o que minha mente pensasse. Queria ter esperanças de não ser hipócrita por naturalidade, e não precisar de intervenção psicológica pressionadora cultural pra me tocar disto.
Era tudo um grande redemoinho. O ciclismo das crises e emoções era uma razão constante. Viver era afinal tudo isto. Considerar as brigas, as futilidades que me incomodavam, as infantilidades que me irritavam, meu moralismo falido, e minha falsa humildade que se inclinava entre o ser ou não. Não estava infeliz, não, não o estivera pela primeira vez em um longo tempo. Mas depois desse longo tempo, iludira-me com a falsa pretensão de não sofrer das mazelas da cabeça. Elas te encontram afinal, no corpo que esteja. E aquele simples café acabara e a vontade de acender um cigarro crescia.
Saí da loja e acendi-o. No silêncio do Sol que se punha dei tragos de horas em minutos, absrovi todo o conhecimento do fruto que agora era digerido pelo meu corpo e sua sabedoria me consumia, juntamente com a dança da fumaça e a leveza das cinzas. Era hora de pegar a estrada novamente, depois de tanto rodar e pensar, era hora de volta pra lá, e encarar. Era hora de voltar a encarar e viver. Mais dificilmente, mais arduamente, mais complicadamente, mais perigosamente (porque não?) e principalmente mais intensamente do que nunca. Pego o celular:

- Alô - disse a voz

- Ja tô voltando, prepara tudo...



sexta-feira, 15 de abril de 2011

E lá fora... há luz!

Yann Tiersen - Coma

Fico pensando nos medos que temos na vida. Nas reais inseguranças. As minhas são múltiplas, fato, mas existem umas poucas que realmente me abalam e entristecem.
Tenho medo de ser vazio.
Temo que eu seja leviano nas coisas que faço, nas palavras que digo, no conteúdo que carrego e que transmito ao mundo. Temo que não steja absorvendo o suficiente de cultura, e sabedoria à minha volta. Não me refiro a informação, não, sabedoria sim. Temo que passe desapercebido por um mundo em que tudo é perceptível a olhos atentos.
Minha suposta complexidade, arte, visão e meu especial...não sei se realmente fazem parte de mim. Temo que acredite em várias verdades que não são minhas. Como num belo espetáculo em que todos me acham épico, especial, artístico e complexo, mas na verdade se desapontam quando veem que na verdade o ator é extremamente simples, bobo, sem graça e tão...tão...Normal.
Temo pela minha insegurança. Ple aminha incerteza. Temo que ela tome meu coração e me capote na vida. Temo que eu fique tão cheio de dúvidas criadas pela minha própria cabeça que enlouqueca perdido num mundo que não dá pra entrar. Temo que ninguém mais me tolere nessa estadia, e que quando o real ator se revelar todos corram, por tamanha bizarrize corriqueira que há de se revelar.
Eu...eu sinto tanto essas coisas dentro de mim. Sinto com amor minha arte, com aceitação minha complexidade, com bons olhos minha anormalidade, minha estranheza e com muito orgulho ser especial...e temo tanto...temo tanto que isso tudo que mais prezo em MIM não seja MEU. Seria como arrancar meu órgão mais vital antes mesmo de eu nascer. Seria como relegar comida a um esfomeado. E temo tanto que há única pessoa responsável por essa catástrofe de acontecimentos e consequências seja a mesma...eu.
Não quero que tudo seja em vão, não quero ser leviano, nem vazio ou fraco. Sei muito bem que no meu suposto ponto forte, também carrego meu maior ponto fraco. Eu sou o melhor e pior de mim, de todo. Mas temo que minha frequência não seja boa o bastante...para mim mesmo.
Temo que um dia, já cansado de carregar meu próprio túmulo eu me renda a essa já predispota depressão e caia no esquecimento.
Temo que tudo no mundo acabe...
Temo que meu mundo acabe.
Sinto por temer tanto, tendo tanto, e por saber que aprecio o sentimento de temeridade.




Temo não ser eu...nem pra mim mesmo.

quarta-feira, 23 de março de 2011

I don't wanna be...I don't wan...

Beyoncé - Broken-Hearted Girl

Alguma coisa em mim parece apodrecer. Talvez ideias, talvez ideais. Sinto falta, muito falta de coisas que nem sequer posso me dar o (des)prazer de pronunciar nesse famoso retrato. O que quero parece sempre se distanciar, e quando me indago está claro que ele só virá quando eu descansar, quando eu não necessitar. Mas quão insano é saber que tem de se acalmar pra receber algo, sendo que você está exatamente querendo algo?
Sei o que quero, não sei como tê-lo, onde tê-lo, ou por quem tê-lo...Eu não quero mais ser um coração partido.
Estou com a cabeça cheia de um cansaço e de uma indagação que nem sei onde começa, ou como sana. Quero solução pra a ausência, quero abraço pra saudade, quero desabafo por um amigo. Quero viver mais e melhor. Quero mesmo desinstalar esse maldito vírus que insiste em usurpar minhas forças, meu humor e toda a minha força de vontade de agir...agir perante a vida.


Eu só queria um _____ com quem pudesse....

sábado, 19 de março de 2011

Pois já vai terminando o verão, enfim...

Summer 78 - Yann Tiersen

Os tempos mudaram. Eu me sinto diferente, cada dia para mim parece diferente... Sair da indiferença do colégio, e da monotonia irritante de ser comandado, de ser guiado, de ser obrigado, sair de tudo isso me deixa respirar...
Não posso dizer que nunca fui mais feliz...mais tempos melhores estão por vir...disto eu tenho certeza.
Quero também explicitar o quanto eu me incomodo com o quão sérias as coisas tem se tornado...esse incômodo com as coisas simples que devo fazer, são as chamadas responsabilidades pesando sobre meus ombros e me prendendo. Pior do que outrora, desta vez eu não posso reclamar com a mão adulta que me empurra algo, pois a causa da maior parte das minhas responsabilidades são minhas escolhas. É enfadonho saber que vai ter grandes partes ruins na sua vida por conta das coisas boas que você decidiu ter. Tenho medo de nesse turbilhão de responsabilidades, e obrigações para comigo mesmo, eu me esqueça de ser crítico, me esqueça de ser espontâneo, me esqueça de viver do jeito que eu gosto, me esqueça de como é ser um artista e me surpreender com as obviedades, ser difícil de agradar, ser imprevisível, de ser bobo e incompreensível na maior parte do tempo...tenho medo de deixar de ser eu, de me tornar adulto enfim.
Sem nenhuma relação óbvia, eu gosto da minha melacolia...tem algo de bonito e muito puro nela. É uma forma de eu me encontrar, de conversar comigo, de me entender, de mim... Eu gosto do meu jeito de ser, acho sim que tem uma grande lacuna entre o que sou e o que gostaria de ser...e eu ainda não tenho opinião formada de o quão grande ela pode ser ou se pode ser transposta. Eu realmente me indago sobre a opinião das pessoas...tipo, acho incrível gente que tem opinião forte, princípios definidos e que seja auto-confiante, e imagino que essas pessoas tenham tido que pensar muito sobre tudo pra serem tão concretas...e me pergunto se o que falta em mim é o pensar...mas acho que esse blog responde à essa pergunta.
Quero aprender a equilibrar tudo o que eu quero, com tudo o que eu sou e com tudo o que é mutável na minha vida...quero saber viver à minha maneira, e quero ser seguro de mim em toda a minha insegurança e incompreensão. Quero viver...anda!

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Sobre Aniversariar

Parte I


Eu cresci. O ano começa a me dar tapas na cara. Tapas, bem dados. O tipo de tapa que em um episódio dos trapalhões eu daria um rodopio, em uma novela eu retribuiria, tamanha violência, tamanha necessidade.
Olho pra mim, e vejo alguém inocente, inexperiente melhor dizendo, nas palavras da Doce. Engraçado isso, e bem triste também, de só se sentir adulto quando vê a parte triste do mundo, a realidade enfadonha das coisas, e a desgraça presente ao nosso lado. Fui mostrado a verdades que sempre estiveram na minha face, que convivi durante 17 anos e nem sequer desconfiei de sua possibilidade.
É triste você ver que sua até então lealdade e fidelidade em confiar em alguém no primeiro instante por amar esse alguém, tornar-se uma inútil inocência quando a verdade prevalece. Sim, a verdade prevalece. A verdade. O dogma incontestável. Sinto paredes ruir, relações morrerem, pessoas mudarem, e sinto a idade chegar. A seriedade das conversas, (nem digo das responsabilidades, não ainda,) me cospe nos olhos a idade chegando. O envelhecimento do corpo, o amadurecimento do ser, e a tristeza do olhar.
As relações daqueles que amo passam a me afetar, palavras passam a mudar o destino, até então incontestável, das coisas e finalmente começo a ver tudo. Iludido por um mundo infantil, por sonhos pitorescos, sinto-me jogado à realidades brutas que me vislumbram o futuro doloroso.
Eu realmente sinto por tudo que passou, e desejo que o tempo faça seu trabalho da melhor maneira. Que ainda que pacientemente, a esperança na melhora prevaleça, porque por mais inocente ou inexperiente que por deveras eu possa ser ainda acredito nessa realidade que eu mesmo já presenciei. O tempo continua sendo o melhor remédio, pras merdas ignóbeis que nós ousamos proferir.
E que esse fardo dezoital, me traga mais experiência, e que eu possa fazer meu próprio caminho, sem ser espelho, reflexo, ou marionete de ninguém.


Escrito em 04/01/2011

Damien Rice - 9 Crimes


Parte II


Que as esperanças não sejam perdidas. Quero que com essa nova perspectiva de vida eu possa mesmo mudar. Que possa empreender sempre o que quero. Que na empreitada, novos desafios apareçam e eu tenha alteridade para desvendá-los. Que eu amadureça no tempo necessário. Que pense mais e melhor sobre as coisas, sobre o mundo. Conselhos que dou a mim em mesmo em busca de uma credibilidade nata.

Eu sinto pouco e sinto muito. Começo a odiar o destino, começo a odiar o fato de que é definitivamente intransponível a realidade da saudade. Eu odeio ter que me separar das pessoas. Agora que realmente me dou conta de que também terei que me afastar das pessoas que me acolheram durante um ano e meio odeio a realidade por isso. Por não poder vê-las mais, e todos os dias. Não acho que seja questão de ter dado mais valor a eles, acho que é o fato de que agora me irrita. Parece injusto comigo, agora que me apeguei, que me aproximei, que gostei mais, que me acomodei...ooops...é isso. Me acomodei.

Acho que os adultos são infelizes nas verdades sobre os amigos passarem, eu desejo que todos eles fiquem, mas temo que nunca conseguirei construir nada sólido em um só lugar.

Quero crescer, quero namorar, quero ser feliz, quero que venham os 18 e peço amplitude. Em todos os sentidos e para todos os lados. Quero ser feliz.


É tudo que eu peço de presente.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Só Agora.

Só Agora - Pitty

Eu temo. Temo que todo o coração não seja válido. Temo que todo o sentimento seja em vão. E ao mesmo tempo que meu lado inseguro teme, o confiante diz que nada é em vão. Nunca é. Não posso acreditar que algo o é.
Não sei o que está prestes a acontecer, e sei o quanto quero saber. Sei o que quero esperar, sei o que quero ver, sei o que quero sentir...
Mas pode não ser nada como eu quero...
Nesse caso, devo recorrer à este.
Lê-lo em voz alta e sozzinho.
Dizer pra mim mesmo o quanto eu sou capaz.
O quanto eu realmente acredito no meu potencial mas duvidei dele por deveras, e me arrependi tarde demais da minha falta de nata confiança.
Que eu possa enxergar através da nuvem de poeira, da névoa e de todo o vapor que tampar meus olhos e ver que meu objetivo só se fastou um pouco porque o caminho que escolhi exige esofrçor...diferentes.
Lembrar a mim mesmo do quanto meus pais se importam comigo, o quanto me amam, e o quanto sofrem com cada suspiro meu em vão.
Que eu possa de alguma forma, realmente, lhes proporcionarcalma e compreensão sob minhas escolhas e que possa lhes fazer sofrer o mínimo possível.
Que eu possa ter a força de me levantar, de seguir em frente pelo caminho, diferente, que agora se abriu na minha frente.
Que eu tenha a paciência que Deus me possibilitou e que eu errôneamente insisto em negá-la, que possa usufruir desta da melhor forma em busca do meu caminho.
Que possa ter compreensão meu Pai, compreensão acima de qualquer circunstância e possibilidade de caminho, que possa compreender que Seus desígnos são supremos e que Sua vontade é absoluta sobre toda e qualquer ação. Que independente do caminho que vier, estarei contigo, em ti e para ti Pai. Que possa de forma sadia, digerir meu tempo de luto, minimizando-o o máximo que puder e transformando-o em dedicação para meu futuro.
Que possa ler estas palavras saída de minha própria boca (ou mão), em momento de lucidez e que possa definitivamente enxergar atráves da névoa que me cobre a face.
Que eu possa compreender e estar com Deus
Que meu caminho seja maravilhoso, pra onde quer que seja, e que eu seja abençôado por Ele onde quer que eu esteja.




No mais, espero que nada disso seja necessário.
Obrigado Por Tudo Meu Pai Celestial.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Lucidez

Comptine d'une Autre Été - Yann Tiersen

Eu não sei o que pensar. Eu já desacreditei uma vez no amor, mais fora superficial demais para merecer qualquer atenção. A minha própria revelação se confunde com outras, e me faz diferente. Olhar para o céu não me traz mais a sensação de amplitude, mas de incompreensão. O que sei não basta, o que posso não sou e o que tenho não uso.

É como se eu estivesse escrevendo a letra de índios, da Legião Urbana agora mesmo. Como se todas aquelas possibilidades houvessem sido ditas por mim. Quem me dera ao menos uma vez...

A sensação de impossibilidade, de ter sido enganado, de viver com isso nos meus olhos e nem sequer me permitir a dúvida. Não, não foi por preconceito, nunca quis nem acreditei em tapar o Sol com a peneira. Mas não me perdoou por não ter me dado o benefício da dúvida. Simplesmente ouvi a verdade ser dita, e defendi a mentira, com unhas e dentes.

Ser adulto deve mesmo ser uma bosta. Quando tanto esperamos por essa idade, não fazemos a menor idéia de como deve ser. Insisti em ver só a liberdade, a independência e novamente não fiz idéia do que seria tudo isso. A hipocrisia se torna tão consentida, e tão comum, inclusive entre os que amo, que você me vejo sufocado pela incapacidade de agir. É como se me xingassem e eu fosse invisível, ouvindo tudo mais sendo inútil a fazer alguma coisa.

Nenhum fim me basta, nenhum desabafo resolve. As lágrimas que insisto em forçar se recusam a descer e adiam mais um tanto minha incompreensível lamentação. Ouço músicas memoráveis, me torturo em busca de todo o sentimento que me possa fazer expurgar a ausência de sanidade de minha alma em transição. Não consigo, não consigo, não consigo. Preciso de um banho de mar, de uma chuva ácida, de uma ventania cortante. Preciso que me sussurrem ao pé do ouvido como agir num mundo cruel, danoso, e impiedoso em que fui jogado. Ao menos me permita chorar, e lavar alguma parte de mim que ainda está (co)rompida por fantasmas do passado ou vislumbres do futuro. Eu quero chorar...


Texto escrito em: 05/01/2011 23:44

domingo, 23 de janeiro de 2011

Ne Me Quitte Pas

Ne Me Quitte Pas - Maysa Matarazzo

Poderia colocar somente a letra de uma música aqui. Uma música que retrata muitas situações e absolutamente nenhuma por completa. Uma música que resume muitas vezes e nenhuma também.
Não me vêm como fazê-lo, fantasmas me assombram por tempo indeterminado, outros se transformam, desencarnam em plena vista pra começar a me assombrar.
Nunca fui, não posso dizer que ja tenha sido. Eu sou o da convivência provavelmente, e não o de 'cara'.
O fato é que preciso falar, e o fato de ter esse blog nesse estado de conhecimento exacerbadamente geral, me incomoda, muito. Quero me exprimir mas me falta a intimidade.
Só peço que não me deixe só, você, em algum lugar do planeta que planeja por algumplano divino aparecer, não desista, eu espero paciente e anciosamente por você.