Parte I
Eu cresci. O ano começa a me dar tapas na cara. Tapas, bem dados. O tipo de tapa que em um episódio dos trapalhões eu daria um rodopio, em uma novela eu retribuiria, tamanha violência, tamanha necessidade.
Olho pra mim, e vejo alguém inocente, inexperiente melhor dizendo, nas palavras da Doce. Engraçado isso, e bem triste também, de só se sentir adulto quando vê a parte triste do mundo, a realidade enfadonha das coisas, e a desgraça presente ao nosso lado. Fui mostrado a verdades que sempre estiveram na minha face, que convivi durante 17 anos e nem sequer desconfiei de sua possibilidade.
É triste você ver que sua até então lealdade e fidelidade em confiar em alguém no primeiro instante por amar esse alguém, tornar-se uma inútil inocência quando a verdade prevalece. Sim, a verdade prevalece. A verdade. O dogma incontestável. Sinto paredes ruir, relações morrerem, pessoas mudarem, e sinto a idade chegar. A seriedade das conversas, (nem digo das responsabilidades, não ainda,) me cospe nos olhos a idade chegando. O envelhecimento do corpo, o amadurecimento do ser, e a tristeza do olhar.
As relações daqueles que amo passam a me afetar, palavras passam a mudar o destino, até então incontestável, das coisas e finalmente começo a ver tudo. Iludido por um mundo infantil, por sonhos pitorescos, sinto-me jogado à realidades brutas que me vislumbram o futuro doloroso.
Eu realmente sinto por tudo que passou, e desejo que o tempo faça seu trabalho da melhor maneira. Que ainda que pacientemente, a esperança na melhora prevaleça, porque por mais inocente ou inexperiente que por deveras eu possa ser ainda acredito nessa realidade que eu mesmo já presenciei. O tempo continua sendo o melhor remédio, pras merdas ignóbeis que nós ousamos proferir.
E que esse fardo dezoital, me traga mais experiência, e que eu possa fazer meu próprio caminho, sem ser espelho, reflexo, ou marionete de ninguém.
Escrito em 04/01/2011
Damien Rice - 9 Crimes
Parte II
Que as esperanças não sejam perdidas. Quero que com essa nova perspectiva de vida eu possa mesmo mudar. Que possa empreender sempre o que quero. Que na empreitada, novos desafios apareçam e eu tenha alteridade para desvendá-los. Que eu amadureça no tempo necessário. Que pense mais e melhor sobre as coisas, sobre o mundo. Conselhos que dou a mim em mesmo em busca de uma credibilidade nata.
Eu sinto pouco e sinto muito. Começo a odiar o destino, começo a odiar o fato de que é definitivamente intransponível a realidade da saudade. Eu odeio ter que me separar das pessoas. Agora que realmente me dou conta de que também terei que me afastar das pessoas que me acolheram durante um ano e meio odeio a realidade por isso. Por não poder vê-las mais, e todos os dias. Não acho que seja questão de ter dado mais valor a eles, acho que é o fato de que agora me irrita. Parece injusto comigo, agora que me apeguei, que me aproximei, que gostei mais, que me acomodei...ooops...é isso. Me acomodei.
Acho que os adultos são infelizes nas verdades sobre os amigos passarem, eu desejo que todos eles fiquem, mas temo que nunca conseguirei construir nada sólido em um só lugar.
Quero crescer, quero namorar, quero ser feliz, quero que venham os 18 e peço amplitude. Em todos os sentidos e para todos os lados. Quero ser feliz.
É tudo que eu peço de presente.