Evanescence - Breathe No More
Já faz tempo, eu nem sei mais como começar.
Começarei como sempre, por uma talvez narrativa. Tenho vivido. Sim vivido. Depois de períodos torpes, escuros e depressivos eu vivo. Deixei...não...talvez tenha aprendido a deixar de lado a sobrevivência, e passei a buscar a vida. Mas se ela estivesse suficientemente boa, eu não estaria aqui. Qualquer um que minimamente me conheça, saberá que quando escrevo, é porque tem algo errado, algo me incomoda e em raros casos algo transborda em mim. Não mudei, não nesse ponto. Algo continua errado.
Eu me esforço, primorosamente, arduamente, a acreditar que tudo isso passará. Que são só mais duas semanas.
Eu que passei meses assim, por uma força do cansaço me livrei, agora de alguma forma sinto falta. Certo alguém diz que tem mais...muito mais do que meu olho pode enxergar. Mas pra mim, continua não fazendo diferença. Está feito, sempre esteve e nunca teria tido outro rumo. Nunca.
Mas o descanso das patadas, o maior afastamento, o espírito de uião de fim de ano, tudo isso conspiram pra minha nostalgia. Como mulher de covarde sim...
Eu passei nove meses sendo partido, em tantos pedaços que mal podia enxergar...
Foi tudo tão sutil e tão intenso. Quando dei por mim estava vazio...vazio de vida, vazio de arte, vazio de amigos, vazio de vida. Quando dei por mim eu era um espelho. Um espelho que refletia uma imagem que não era a minha. Eu estava tão fragmentado que a transparência do meu ser, a ausência de conteúdo me tranformou no espelho de outro alguém. Cheio de pose, vaidade e estupidez. Eu era um espelho. Quando próximo do parto, depois dessa longa e maldosa gestação, dei-me conta do tempo perdido. Dos pedaços partidos e do conteúdo vazado. Por cansaço de refletir, decidi olhar em volta. E me choquei. Durante duas semanas me choquei com o resultado de oito meses de doação doentia. Eram tantos pequenos e metálicos pedaços que mal podia tocá-los. Sua lâmina me cortaria e jamais terminaria aquela tarefa vivo. Então eu só deixei...deixei de refletir. Me virei de costas, e tudo que ele via era a madeira mofada das minhas costas cansadas. Comecei a andar, andar, e andar. Voltei a ter alguma forma, aos poucos...fui ficando menos transparente...e depois de dois meses, dois longos meses, consegui com alguma dificuldade voltar a ser quem eu era. Voltei com toda a originalidade, arte, vida e personalidade que eu sempre tivera. Aquilo que por reflexão, sumira e nunca mais ameaçara voltar. Agora, quando presumo minha complexidade de voltar, mas com toda a profundidade exigida, me vem a incerteza. Eu olho pra traz e vejo tudo que passou. Olho pra trás e vejo o refletido que ficou. Não é como se fosse saudade, ou o é. É uma urgência no peito que dá, não sabe se vai ou se fica, se corre ou se deita, não sabe o que fazer e me deixa mal. Por dar margem à uma saudade doentia e nojenta. Por dar margem à uma doença que há três anos não me assola e vivo muito bem obrigado. Por dar margem ao que não deve ser. Eu me parti, me perdi, refleti, sangrei e retornei. Agora não admito repetir a torpe sequência. Quero continuar, é tudo que eu quero...
Só mais duas semanas.
Você já sabe minhas palavras. Único comentário que lhe faço: A vida é muito mais que conhecemos... O futuro já está aqui. Aproveitemos!
ResponderExcluirtodo fim de ano eu me despedaço. começo a sentir falta do ano que ainda nem passou, nem virou! dessa vez eu dei um basta. essa sensação de perda vem mesmo quando vc nao perdeu tanto e essa sensação de que ainda há algo faltando tbm nunca passa. isso porque queremos esse maldito pedaço que falta. como se ele se preenchesse e sumisse, num looping infinito! é isso que acontece. e os anos passam, mas a nostalgia que bate no fim de cada um deles é parecida e não finda nunca. faz parte do processo e isso nunca muda, por mais que desejemos com toda nossa alma. e voce sabe que virá mais e mais e mais dessa dor! e é pra isso que estamos aqui...pra aguentar! se vc continua sentindo que tem um pedaço faltando, meus parabéns. vc está indo bem! qd achar que nada mais falta, você estará morto.
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ResponderExcluirHey Man!
ResponderExcluirWoa! Seus textos são muito bons, você tem aquele "Q" para escrita.
Faz sentido você ser uma inspiração pra minha menina (plastic-g.blogspot.com)... -)
Sem mais.
Parabéns pelo Blog.
Abç.
Eu simplesmente me desfiz junto de ti durante esta leitura, durante a sua descrição entre cada letra, entre a sua 'des'formação.
ResponderExcluirQuero colar meu coração inteiramente ao seu, lhe doar meu sangue e se possível todo o meu sentir do momento, dos ultimos momentos, dos que me trouxeram alguma dor, mas sobretudo dos que me fizeram sorrir, gargalhar e querer a vida, querer as pessoas, sendo estas quais fossem.
Meu Te amo é eterno, mas não será ele que lhe fará ver a progressão feita, e sim os olhos que agora estou doando à ti, para satisfazer sua alma, enxergando o seu ser completo.