terça-feira, 13 de julho de 2010

Aquilo que não sei.

Ouça: New Moon (The Meadow) - Alexandre Desplat


Eu não sei se sou o que queria. Eu não sei se sou o que quero, nem se gosto muito menos do que sou. Mas sou. Não sei se dá pra mudar quem sou, não sei se dá pra criar, e ser eu mesmo, criando um alguém que quero ser. Não sei se ser e querer devem coexistir na mesma frase. Não sei se sei o que sou. Não sei se quero saber o que sou. Não sei...só não sei.



Meu não saber ultrapassa a mim mesmo. Não sei pra onde vou. O que vou fazer. Como vou fazer. Sou o que sou? Sou o que sou influenciado a ser? Sou o que queria ser, sou o que deveria ser? Não sei, de novo o não sei.


Sei o que sou. Sei o tanto que sou. Mas de novo me engano, e não sei.


Sou influenciável. Sou mesquinho. Sou egoísta. Sou persuasivo. Sou dramático. Sou exagerado. Sou o que sou, e ainda assim não sou, não quero ser, não posso acreditar que sou. Não sei mais onde estou, em que ponto me perdi. A cada queda, as anteriores se multiplicam dentro de mim e jogam na minha cara que este não é o caminho certo. Me cuspem os olhos e dizem que esse não sou eu. Me dão tapas e dizem que pra onde estou indo, não é um bom caminho.


Eu não sei se consigo tomar decisões sozinho, não sei se sou autosuficiente, não sei se agrado, eu me importo sim com o que os outros pensam, apesar de me fazer crer no contrário. Me perco e não sei se estou certo, nunca tenho certeza se me conheço, ou se os outros me conhecem melhor que eu. Cavei um grandessíssimo buraco pra mim, no qual agora, que já está fundo o suficiente, me recuso a entrar. Vejo o buraco e me lamento, enquanto me afundo como em areia movediça para dentro desse poço. Um poço sem fim, um poço escorregadio, e cheio de maldade. Um poço desconhecido, e sem ninguém.


Não consigo mais discernir entre o que sou, e o que me ameaçam de ser. Não consigo mais ver atráves dos meus próprios olhos, pois lentes de algum material forjado pela Dúvida não me permitem isso. Estou cego para a realidade, para a minha própria realidade. Cego para as coisas que tenho de enxergar. Cego para a minha vida. Cego para o caminho de tijolos de ouro que insito em crer, mas que agora me parece a estrada da perdição.


Não sei se quero ouvir, se quero ver, se quero ser tocado ou tocar mais ninguém. Não sei porque essas coisas acontecem, e talvez sejam a parte dramática de mim. Mas acho que não tem como tirá-la. Afinal, mesmo com o não sei, essa é a parte que sei. Sei e sou. E assumindo e aceitando isso, um longo e triste caminho se bola na minha frente, um futuro com mais dor e mais sofrimento.


Me tornei o tipo de pessoa que sempre critiquei. O tipo de pessoa que precisa de livros de auto-ajudra. O tipo de pessoa que nunca quis ser, e que talvez muito provavelmente sempre fui, mas agora estou vendo.


Não sei se dramas fazem feliz a alguma parte sombira de mim, não sei, e não sei. Mas não sei se quero saber. Não sei se quero. Quero poder ser o que eu quero. Talvez não exatamente o que eu seja. Estou tão cansado, tão cansado de tudo isso.


Meus olhos pesam, mas quando me deito a minha mente insiste em pensar, em voar, em refletir, até as fatídicas 2h35 da madrugada. Naõ sei mais onde estou. Tenho picos, tenho vales, mas isso cansa, e cansa a mente, o pior cansaço. O cansaço que a noite de sono não tira, o cansaço que só o tempo e a dor possivelmente tirem. O que é tudo isso afinal?Pra onde estamos indo? Nem isso eu sei.
Talvez você também não saiba, e mais uma vez esse texto não foi feito pra ser lido. Foi feito pra ser escrito, um texto como outros, um desabafo. Muito para poucos. Não sei mais como, nem onde quero viver. Perdi o lar, peri os amigos, perdi tudo. Estou num meio termo que não existe. Estou sozinho, estou com frio, esdtou sozinho. É isso, o tão temido sozinho. É ruim afinal.


Aqueles que deveriam, mais que ninguém, ser sinceros comigo me escondem o que pensam. Busco incessantemente, como não deveria buscar por respostas pra mim, respostas sobre mim. Busco em palavras de bocas amigas o que eu realmente sou, pois esqueci. Toda a autenticidade, toda a originalidade, toda a criatividade, tudo se foi. Tudo aquilo que me orgulhei e bati no peito pra dizer que era meu, não era.


Não quero ouvir mais ninguém. Quero me calar, quero tentar mudar quem sou, pra o que quero ser. Não quero masi ouvir, não quero mais ouvir. Quero um tempo te tudo isso. Preciso de um tempo, não sei onde o encontrarei, mas preciso.


Aquelas partes de mim, que disse a você que viria procurar, e que achei ter encontrado, talvez eu as tenha, mas pra botar em prática, é um bocado complicado. E você, meu querido, é o pior e o melhor do que posso ter aí, é exatamente isso.


Não quero ouvir, e isso inclue vocês, todos que me leem, não preciso disso, não preciso de mais isso.

2 comentários:

  1. Eu nunca fui de seguir todas as vontades, por isso e por outros motivos espero que me ouça.

    "Perde-se também é caminho.." (C.L)

    Pê, embora você esteja totalmente perdido, é bom e medonho ficar no não saber, porque aí você fica com saudades do estar ciente, e aprende com esse turbilhão de emoções um tanto quanto intensas.
    E o que me deixa mais feliz de te ler, embora você esteja perdido, cansado e afins, você ainda consegue ver a Luz do Sol, só pelo fato de você compartilhar essa dor.
    A dor é feito sol, se olha muito lacrimeja os olhos, e se fica exposto pega cor e queima.
    E eu espero que essa fase passe, embora eu ache um merda esperar, devia existir um botão "exploda", mas correriamos o risco de não aprender, e imagina se o botão "existente" quebrasse?
    Acho que comecei a não falar nada com nada, rs!

    Beijos Pê!

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  2. nós sabemos que esse "tudo fora do lugar" ou "o mundo de cabeça para baixo" nos cansa. eu fiquei exausta como vc está.

    vou ter que concordar com a patthy e então com a Clarice: PERDER-SE TAMBÉM É CAMINHO! - voce está perdido em si mesmo. mergulhou dentro de um eu que não conhecia, porque nunca tinha passado por algo assim. não se assuste, é voce que está aí. você está se conhcendo diante a outros fatos, é isso.

    o bom de estar perdido é que uma hora voce acha o caminho. e além do mais é tudo relativo, não?
    talvez você esteja a caminho de se entender e virar outra página!

    seu carater é valioso e esse você não vai perder!
    amo você minha metade! *--*

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