domingo, 29 de agosto de 2010
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quinta-feira, 26 de agosto de 2010
Autobiografia de um dia de fênix.
Estava pesado...
Decidi me trancar no cômodo branco. Liguei o Bill. Escolhi esta música. Eu pulei e rodopiei. Me joguei de uma parede à outra. Fechei os olhos e me danei pra os possíveis machucados de quedas e pancadas naquele pequeno grande cômodo. Dancei de olhos fechados, senti a música, eu já conhecia as batidas, segui-as. Tentei transportar para meu suor todo o meu incômodo. Com a vida, com ele, comigo com a situação. Tentei transpirar só as coisas que me faziam mal, e deixar esse fluxo mágico musical penetrar nos poros dilatados. Deixei-me levar pela batida, e dancei, pulei e esqueci. Esqueci que tinha andares, esqueci que tinha gante em casa, esqueci que tinha paredes. Me senti livre, me senti num campo ensolarado e cheio de trigo...pulando, correndo desesperadamente, sentindo o vento, sentindo o Sol, sentindo os trigos roçarem rápidos e afiados meus joelhos. E depois veio a chuva... Estava na praia. Tudo nublado, e a música muito alta. Eu cantava, eu gritava, eu sentia, eu pulsava. Essa bateria era meu coração. Essa harpa era meu movimento. Essa voz era a minha voz. Eu rodopiava, eui flutuava, eu corria eu pulava e eu sentia. Sentia tudo aquilo que eu realmente deveria sentir. E a harpa ia se complexando ao fim da música, e meus dedos seguiam-na, seguiam cada pincelada, até que ao fim, esperado e previsto, eu parei em frente ao espelho do cômodo em que eu permanecia, e ao último acorde eu endireitei e abri os olhos.
Depois de pular e dançar, parei. Atônito. Ofegante. Em frente àquela imagem. Olhei para o rosto que deveria ser meu. Olhei para o reflexo fixamente, e analisei cada centímetro daquele corpo que deveria ser meu. Olhei para a boca, para os olhos, para a escápula exposta, olhei para a barriga peluda, olhei para os braços fracos, para os dedos compridos. Ao fundo a música que lembrava o que eu costumava ser.
Uma música que misturava maldade, sexo, sedução, e sangue. Uma música que representa uma parte de mim que adoro, e pouco exponho. O lado sombrio, aquele que eu acho um barato eu ter, e que ninguém acredita. O lado que gosta de sangue, e queria ser vampiro.
Olhei tão fixamente que me perdi no olhar.
- Quem é você? - O outro perguntou. Sério, inquisitor.
Mantive o olhar e a feição idênticas ao do questionador.
- Sou Pedro Lima D'Água.
- Onde você nasceu?
- No Jardim Paulista, em São Paulo.
- O que você é?
Me demorei nessa resposta...
- Sou teatro, sou música, sou arte, sou São Paulo, s.... Sou muito mais do que meus olhos podem ver, sim eu sou.
- Por que você se perdeu? - Ele me interrompeu.
...
- Porque eu passei a viver a vida dos outros. - Porque você fez isso?
- Pra me livrar da minha. Porque era mais fácil, e porque... eu não sei se sei o porquê. - A respostas fluiam. Sem medo, sem hesitação, sem pensamento.
- O que você sente?
- Dor. Quero acabar com isso.
- O que você pode fazer para?
- Voltar a me olhar, voltar a me ver. Voltar a ser eu mesmo. Voltar a me apresentar como sou. Mandar as neuras que não faze parte de mim pro além. Mandar um foda-se pra tudo isso. Mostrar tudo o que sou, o tudo mostrável. Mostrar que não quero mais permanecer do jeito que estou. Na verdade, nem tanto me mostrar. Mas ser. Mudar. Preciso mudar.
Então olhei para o cabelo do inquisitor, e passei a mão nele. Estava estranho, desarumado sim, mas sem corte com uma textura feia. De súbito me veio a ideia de cortá-lo. Tomei um banho correndo e andei até o cabelereiro.
Pesado.
"A minha alma nem me lembro mais em que esquina se perdeu ou em que mundo se enfiou..."
Não quero mais ser literal, não quero ser direto. Não quero mais depender, não quero ter que me afastar. Não quero o pedante, implorar, ajoelhar. Não quero mais descaso, indiferença, falta de vontade. Não quero mais ter vergonha de me mostrar. Não quero sofrer. Só quero melhorar...
Não sei se é o tempo, não sei se é a atitude que não tive coragem de tomar, não sei o que é que me resolverá...
Estou absorto, e apesar de negar assumir, acho que regredi...
Tive uma semana boa e estável, mas regredi.
O pior é que não suporto nem pensar nisso, não suporto mais nem olhar pra onde estou, assumir onde estou.
Eu simplesmente estou cansado...cansado demais de tudo isso.
Cansado da dependência, cansado da falta de devolutiva...
Não sei se estou sendo mais uma vez egoísta, mas se estiver, eu tenho meus motivos pra ser...
é uma bosta, porque não posso fazer nada, por medo.
Medo de tudo se explodir, de tud ruir, pela fragilidade que eu vejo em tudo isso.
Temo, por não querer, tão perto do fim, começar tudo de novo...
Temo porque o cansaço não é só meu...
E todas aquelas vontades lindas, já se foram...
Agora só resta uma convivência cada vez menos agradável e gostosa...
Minha parte linda, tem se tornado opaca, sem brilho e derretido aos poucos, dia após dia..
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
Evanescência.
domingo, 15 de agosto de 2010
Definhando.
Matthew Mayfield - First In Line
Em que ponto me perdi?Até que ponto faz sentido? Viver, tentar, lutar, vencer...?
Não sei se tenho opções...
Acho que essa é uma daquelas situações da vida, em que não há opções...você só tem que lidar com isso.
Sei na verdade divina da frase " portanto dê o melhor de si...", que eu hei de aprender muito, e muito com isso, quando e se, eu superar. Meu medo, não é de não aprender, não é de ter mais 4 meses de mais do mesmo... meu medo é ver que a distância seja a única forma. Não, não a distância pela ausência, mas pelo fracasso espiritual e psicológico que eu me tornarei eternamente pra mim mesmo. Pela fraqueza eminete que eu terei em mim, e um medo interminável de me relacionar no futuro. Pela veronha de não ter conseguido lutar contra isso, e só o tempo ter sido capaz, evidenciando minha inutilidade.
Eu não sei se acredito numa melhora, não sei se acredito que haja uma força dentro de mim, uma força de vontade, suficientemente forte pra me levantar. Sei que estive à beira do abismo, e sei com certeza, que não voltarei pra lá. Não sei se devo ficar feliz ou triste por isso. Pois não ir mais pra lá, deveria significar melhorar...mas eu simplesmente me acomodo. Tudo bem, não vou a beira do abismo, mas também, lutar é muito difícil. Estagnei.
Definhando, sim, definhando, todas às vezes que sento no sofá e penso...
Pensar nunca foi, nem nunca deveria ser penoso. Meu pensar é constante, sou um ser pensante, e me voltar pra dentro de mim sempre foi bom, sempre foi reflexivo, e me tornou mais crítico. Mais em alguma parte disso tudo, quando me perdi, a parte boa do pensar deu lugar a uma obsessão, a uma doença insaciável. E agora o pensamento me persegue...
Sim, talvez eu não tenha ocupações o suficiente, talvez tenha tempo demais pra pensar, mas não consigo me conformar com a ideia de ter que me afastar do meu pensar, pra não definhar.
Definho sim, e não sei se mudarei, não sei...porque não sou forte, porque não tenho força de vontade, porque não tenho auto-estima e porque estou rendido.
A única opinião que me importa nem sempre é consistente como deve ser. Não posso reclamar, não posso mudá-la, não posso cobrar (quase) nada dela... apenas tenho de aceitá-la, e isso é demais.
Não vou fazer absolutamente nada a respeito, vou continuar onde estou...
Talvez invisivelmente, inevitavelmente, eu esteja sendo impulsionado, esteja mudando, me adaptando...
Sim, em alguma parte sinto mudanças, mas pensar assim...não sei talvez seja ser otimista demais, seja ser condescendente demais, seja ser bonzinho demais comigo mesmo.
Sou imediatista, pessimista e rígido, e tenho medo de cedendo sofrer mais.
Acho que as armas que tenho na mão, e que ja me ensinaram a usar podem até servir, mas eu estou fraco, ou quero ser fraco demais pra usá-las. É mais fácil, mais cômodo, mais próximo, numa curta escala ficar onde estou, mas eu sei...só eu sei, que no longo prazo, eu sofro, sofro muito. E o mais triste é que ainda assim não me arrependo, prefiro permanecer...
Não sei que sentimento é esse, não sei que posse é essa, não sei, simplesmente não sei. Só tenho medo de por não saber, não consiguir mudar nesses 4 meses. Porque isso pra mim representa derrota... Derrota pra mim, pra ele, pra Ele e pra vida. Representa que não terei outra chance, que a situação continuará assim, durante anos e anos, e tornarei a minha pessoa tão especial em uma parte ruim, da qual me aproximar só trará sofrimento, em que tempo for.
Preciso me mudar, eu sei que sim, mas estou tão completamente perdido que não sei, não sei se consigo, duvido de mim, e exito pelo medo da dor, que já se apossou tanto de mim a ponto de me amedrontar. Eu costumava ser mais vivo...
Acho que Deus, deve ter planos grandes pra mim. Deve ter uma missão muito grande e muito complexa pra mim. Espero que eu faça jus, de alguma forma, ás expectativas Dele, do meu jeito, na medida que eu conseguir e na medida que tiver forças...Sei que Ele sempre espera mais, e me sinto pressionado por esse voto de confiança, pressionado a tentar mais um pouco...mas quase sempre, sempre caio, exito, e deixo passar.
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
Quebra
Cada dia acho que me conheço menos. Por mais que saiba da onde vem meus dramas, quais são as causas e quase sempre quais as soluções, na maioria estou perdidamente enganado.
Depois de duas semanas intensas, a gente pára pra repensar um pouco.
Muita coisa eu já esperava, outras nem tanto. Aceitações maravilhosas sim, acolhimento não. Respeito sim, gostar não. Leveza sim, mas identidade não.
Acho que a gente veste máscaras na vida, e quando vim pra Rio Preto vesti uma das máscras mais espessas que ja criei. Uma máscara que me fez cômodo, e sem eu perceber me tornou alguém, a longo prazo, que eu desconhecia. Alguém que fazia-me acreditar que era eu, mas não era. Não podia ser.
E então ontem, essa máscara foi espontâneamente tirada, mas o importante é que eu percebi, só depois de tirá-la que ela era uma máscara. Percebi que talvez, só talvez, ela fosse a cuasa de muitas angústias, de quase toda a perda da identidade, e dos machucados diversos.
Talvez não, talvez, como muitas outras vezes seja só uma coisa a mais, e não A coisa que têm definido meus dramas. Mas ainda assim, me sinto muito bem. Me seinto eu novamente...
Aquele Pedro artístico, livre, sincero e original.
Aquele á quem me esqueci de adorar.
Agora que tudo, dentro de mim, parece voltar, ou pelo menos parece mais eu, estou tranquilo, estou mais apoiado, mais assistido. Mesmo que não seja A coisa, é uma grande coisa.